É hora de se expor e inovar

[gravata] Investir no atendimento e no relacionamento é essencial, em épocas boas e ruins. [/gravata]

Mauricio_9773-ROSTO-OK

Maurício Morgado
Professor e consultorEspecialista em marketing, vendas e varejo, Maurício Morgado é professor da Escola de Administração de Empresas da Fundação Getúlio Vargas (FGV), uma das instituições mais respeitadas do Brasil. Faz parte também do Centro de Excelência em Varejo da FGV, coordena o curso de mestrado profissional nessa área e é autor do livro Varejo – Administração de Empresas Comerciais. 

COMO AGIR EM MOMENTOS DE CRISE? A primeira recomendação é não se retrair. Isso vale especialmente para a comunicação e o relacionamento com os clientes. O atendimento também tem de ser valorizado. Essas atividades não podem ser abandonadas: com elas, já é difícil atrair clientes; imagine sem. COMO FAZER ISSO? No caso dos lojistas e técnicos de refrigeração, o público-alvo é bem definido. Assim, pode-se buscar um contato direto com os clientes cadastrados, por telefone, e-mail ou correio. Isso é importante para manter a proximidade e para abrir oportunidades. Ao mesmo tempo, deve-se trabalhar para melhorar a forma de atender os clientes. O importante é entender que, nesses momentos, não se pode perder nenhuma venda. É preciso aumentar o que se chama de taxa de conversão, ou seja, o percentual de contatos que se transformam em negócios. Para isso, o cliente tem de ser muito bem tratado – o que torna fundamental reforçar o conhecimento sobre técnicas de venda e de atendimento. ONDE ENCONTRAR INSPIRAÇÃO? A inspiração pode vir de outros ramos de negócios, observando as melhores práticas de empresas e profissionais. As boas ideias estão em todo lugar: na padaria da esquina, na grande rede de supermercados, numa companhia aérea etc. É preciso apenas ter a mente aberta para percebê-las. Ideias também podem surgir ao olhar o que os concorrentes estão fazendo. Especialmente o que fazem de melhor e pode ser adotado ou adaptado para as suas condições. QUE RISCOS HÁ EM MOMENTOS ASSIM? A questão mais crítica é a financeira. Deve-se ter atenção total ao fluxo de caixa: é isso que pode levar a empresa a quebrar. Portanto, é necessário olhar com cuidado a inadimplência, os prazos de pagamento e o estoque (que é dinheiro parado). Além disso, evitar empréstimos bancários é essencial. A desmotivação da equipe é outro risco. É melhor deixar a situação clara para todos e buscar o seu apoio. É POSSÍVEL SE BENEFICIAR DE UM MOVIMENTO MENOR? O faturamento cai, mas haverá mais tempo para dedicar ao aprimoramento do negócio. É uma boa hora para olhar para dentro da empresa e ver onde e como há espaço para melhorar: rever procedimentos, abrir novas frentes de atuação, descobrir ineficiências e desperdícios, reavaliar e implantar projetos que foram deixados de lado em épocas de bonança. Todas essas atividades ajudam a manter a equipe ocupada e a evitar a desmotivação que mencionei. COMO ESSAS AÇÕES SE CONECTAM COM A INOVAÇÃO? Uma das formas de inovar é descobrir como fazer melhor algo que era feito de outra forma. A inspiração em boas práticas é um dos caminhos. Outro é a pesquisa para entender melhor o que o cliente quer. Não é preciso fazer uma entrevista ou pedir que preencha um questionário. Em conversas mais informais, é possível obter ótimas informações e, a partir delas, planejar ações inovadoras. E A RELAÇÃO COM O CLIENTE, COMO FICA? Nas crises, os potenciais clientes tendem a ficar mais seletivos, analisando cuidadosamente todos os gastos. Mas não se pode pensar em atraí-los apenas com preços baixos e promoções, pois a rentabilidade deve ser preservada. O ideal é investir no bom atendimento e na diferenciação. O QUE MAIS SE PODE FAZER PARA ESSES CLIENTES QUE RESISTEM A GASTAR? Entre as técnicas de vendas mais conhecidas, estão as que mostram como lidar com as objeções dos clientes. É preciso construir argumentos para evitar os “nãos” do cliente. Uma boa lição de casa é fazer uma lista das principais desculpas dos clientes para não comprar e preparar respostas consistentes para elas. COMO SE DIFERENCIAR DOS CONCORRENTES? As providências são as mesmas dos períodos bons – que às vezes são deixadas de lado porque os negócios vão bem. O foco deve estar em elevar o nível dos serviços. Isso envolve treinamento e conscientização da equipe, tanto do ponto de vista do atendimento eficiente e cortês, quanto das técnicas de vendas e do conhecimento de produto. É preciso ter a capacidade de ajudar o cliente a resolver o problema que o levou até você. Os fabricantes podem contribuir muito – e têm interesse nisso – para a capacitação da equipe das lojas e de assistência técnica. Ainda no que se refere aos serviços, merece ser destacada a importância de um ambiente agradável para o cliente, no caso das revendas: limpeza, arrumação, claridade ajudam muito, assim como ter à disposição um cafezinho, um local para sentar e esperar, materiais técnicos para consultar, revistas como o Clube de Refrigeração para ler.

Inscreva-se em nossa newsletter

Insira seu nome e email nos campos abaixo.