Refrigeração é essencial para segurança alimentar do planeta

É preciso conservar o que se produz, eliminando perdas.

A população mundial não para de crescer: são quase 8 bilhões de pessoas. Para alimentá-las, é indispensável reduzir as perdas e os desperdícios que ocorrem desde o local de produção até a sua chegada ao consumidor.

O relatório “O futuro da comida e da agricultura – tendências e desafios”, produzido em 2017 pela Organização das Nações Unidas para Agricultura e Alimentação (FAO), mostra que existem no mundo quase 800 milhões de pessoas que passam fome e outras 2 bilhões sofrem com deficiência de nutrientes.  A refrigeração pode melhorar essa situação, pois muitos alimentos produzidos estragam por problemas de conservação.

Segundo a FAO, a cada ano, cerca de 670 milhões de toneladas de alimentos são perdidas ou desperdiçadas nos países de renda alta e outras 630 milhões de toneladas nos países de renda média e baixa. Isso representa um total de 1,3 bilhão de toneladas de alimentos produzidos e não consumidos. 

As causas desse problema são variadas, desde o manuseio incorreto dos produtos na colheita até as deficiências no armazenamento e no transporte (o que envolve a precariedade ou inexistência de refrigeração). Além disso, falta capacitação aos trabalhadores envolvidos e é utilizada pouca tecnologia em todas as etapas do processo que vai da produção do alimento até a sua venda a quem vai consumi-lo (mais um aspecto relacionado à necessidade de usar refrigeração).  

Por isso tudo, já em 2015 o diretor-geral da FAO, José Graziano da Silva, afirmou que os sistemas de alimentação precisam ter muito maior eficiência, e incluiu a redução do desperdício como uma das metas a ser alcançada. A refrigeração certamente tem muito a contribuir com isso.

José Graziano da Silva

“Maior eficiência no sistema mundial de alimentação envolve redução de desperdícios”

O especialista em agronegócio Marcos Sawaya Jank já disse que as condições de conservação são fundamentais para que determinados alimentos, como as carnes, sejam mais consumidos. 

“Em boa parte do mundo, hoje a questão principal não é mais a quantidade de comida produzida, mas sim a qualidade e a sanidade do alimento”, disse ele, destacando a importância da refrigeração nas etapas de transporte e armazenagem.

Essas análises são confirmadas por um estudo de 2009 do International Institute of Refrigeration (IIR), que mostrou que a refrigeração desempenha um papel vital na redução das perdas pós-colheita, no caso de hortifrútis, e pós-abate, no caso de animais. 

“Nenhuma outra tecnologia de processamento combina a capacidade de estender a vida útil do produto e de, ao mesmo tempo, manter as suas propriedades físicas, químicas, nutricionais e sensoriais”, diz o estudo. Na sequência, afirma que a utilização em maior escala das tecnologias de refrigeração asseguraria uma nutrição melhor em todo o mundo, em termos de quantidade e de qualidade.

Outro dos aspectos ressaltados pelo IIR é o fato de que o uso de refrigeração reduz significativamente o crescimento de bactérias nos alimentos, que os deterioram, o que já é negativo, mas também tem forte impacto na saúde, muitas vezes provocando doenças em quem os come.

Depois de garantir que a atual produção agropecuária seria mais do que suficiente para atender às necessidades de toda a população mundial, o Instituto chama a atenção para as perdas que ocorrem entre o campo e a mesa, provocadas por duas causas principais. 

A primeira delas é a distância entre áreas de produção (zona rural) e os consumidores, que geralmente estão nas cidades. É preciso armazenar e depois transportar adequadamente os alimentos, mas isso exige uma infraestrutura que muitas vezes não existe ou está abaixo das condições necessárias.

Estudo afirma, sobre a refrigeração: nenhuma outra tecnologia de processamento combina a capacidade de estender a vida útil do produto e de, ao mesmo tempo, manter as suas propriedades físicas, químicas, nutricionais e sensoriais.

A segunda é o fato de que determinados produtos são sazonais, ou seja, só estão disponíveis em determinadas épocas do ano. Isso significa que é preciso manter estoques deles, sendo necessário um armazenamento refrigerado – o que, em muitos países, não está disponível no volume desejável.

Especialistas calculam que, de todo o alimento produzido no mundo, cerca de um terço necessite de refrigeração para se manter íntegro e poder ser consumido. Isso envolve principalmente:

Carnes em geral (bovina, suína, de aves etc.);

• Peixes e frutos do mar;

• Produtos lácteos;

• Verduras e legumes;

• Alguns tipos de frutas.

No entanto, uma pesquisa feita pouco mais de 10 anos atrás demonstrou que menos de 25% dos alimentos que deveriam ser conservados sob refrigeração recebiam esse cuidado. Muitos deles eram consumidos rapidamente, mas uma parte considerável se estragava. 

A situação melhorou com o passar do tempo, mas está longe de ser boa, especialmente na África e em algumas partes da Ásia e da América Latina. O problema é ainda mais crítico em regiões quentes, nas quais os produtos se deterioram mais depressa.

Complementando essa análise do IIR, Marcos Sawaya Jank aponta ainda o problema de que, em algumas regiões, não existe uma rede de fornecimento de energia elétrica confiável. Juntamente com a pobreza, isso faz com que, em alguns países, menos da metade das residências conte com uma geladeira. Na Índia, por exemplo, esse percentual não chega a 30%. 

Não tendo como conservar produtos perecíveis em casa, a população desses países é levada a comprar diariamente os alimentos em mercados a céu aberto, nos quais muitas vezes não há preocupação com a higiene e muito menos com a manutenção deles em temperaturas adequadas. Ou seja, junto com o problema da escassez, existe também o do consumo de alimentos que podem causar danos à saúde. Além disso, segundo estudo feito por Marcos Jank, certos produtos, como as carnes, são consumidos em menor quantidade em locais onde a população não dispõe de refrigeração doméstica.

Com base nesse diagnóstico que fez, o IIR faz algumas recomendações que contribuiriam para a redução da fome e da subnutrição no mundo. 

A principal delas coincide com o que Jank propõe: o estabelecimento de cadeias do frio confiáveis para alimentos perecíveis em países em desenvolvimento, o que aumentaria a quantidade de alimentos disponíveis em 15%. 

• Para que essa cadeia do frio funcione de maneira efetiva, os requisitos são:

• Instalações apropriadas para armazenamento refrigerado nos locais de produção;

• Transporte refrigerado;

• Presença de sistemas de refrigeração nos locais de recebimento e distribuição de produtos, assim como no varejo.

Parece fácil preencher essas condições, mas é preciso lembrar que em certos países, que enfrentam situação de pobreza extrema ou vivem conflitos de longa duração, a escassez não é só de recursos financeiros. Há problemas como a falta de equipamentos e de pessoal capacitado e, em alguns casos, existe ainda a impossibilidade de manter cultivos ou criação de animais. 

É um desafio grande, para o qual é necessária a colaboração de organismos internacionais como a ONU (Organização das Nações Unidas). 

Oportunidades que se abrem

Dois outros fatores devem ser levados em conta quando se pensa na necessidade de reduzir as perdas e desperdícios como a melhor forma de garantir alimentação para todos no mundo:

• O aumento constante da população mundial, que deve chegar a 8,6 bilhões em 2030 (1,1 bilhão de pessoas a mais do que hoje) e continuar crescendo até atingir 9,8 bilhões em 2050;

• A limitação do uso de mais recursos naturais para produzir alimentos, que poderia prejudicar o meio ambiente e contribuir ainda mais para o aquecimento global.

Do ponto de vista do desenvolvimento sustentável, portanto, a solução não pode vir do aumento da produção, da exploração de mais recursos naturais e da expansão das áreas dedicadas à agricultura e à pecuária. 

Em seu livro Brasil: O País dos Desperdícios, o pesquisador José Abrantes, da Universidade Estadual do Rio de Janeiro, calcula que por volta de 80% das perdas e desperdícios de alimentos ocorrem em etapas em que a refrigeração teria muito a contribuir: armazenamento, transporte e varejo.

Essa situação abre oportunidades para todos aqueles que trabalham na área de refrigeração. O espaço de atuação só tende a crescer para a venda de produtos e serviços que contribuam para conservar melhor os alimentos. Isso envolve, por exemplo:

Fabricantes de equipamentos e sistemas de refrigeração;

• Fornecedores de peças e componentes;

• Lojas especializadas em peças de reposição;

• Empresas de projeto e consultoria de sistemas de refrigeração;

• Profissionais que se dedicam à assistência técnica.

Fica claro que a refrigeração é e continuará a ser um campo com muitas possibilidades de trabalho e crescimento profissional. 

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