Novos cenários sem os HCFCs

[gravata]A tendência é que vários fluidos refrigerantes sejam utilizados como substitutos.[/gravata] [rel] Vice-presidente de Meio Ambiente da Abrava (Associação Brasileira de Refrigeração e Ar Condicionado), Paulo Neulaender Jr. é um dos principais especialistas brasileiros em boas práticas de manutenção e fluidos refrigerantes. Sua estimativa é ter treinado mais de 20.000 técnicos. Colabora com inúmeras iniciativas importantes, como o Plano Brasileiro de Eliminação dos CFCs e o Grupo Ozônio. Por isso, ele tem muito a dizer aos leitores do Clube.  Paulo Neulaender Jr. – Especialista em fluidos refrigerantes e boas práticas de manutenção. Como avalia o processo de eliminação dos HCFCs? O Brasil é um grande usuário de R22, que é um HCFC. Usamos uma média mensal de 900 toneladas para o setor de serviços. Mas acredito que teremos um processo saudável de substituição e nos próximos 4/5 anos vamos conseguir migrar para novas tecnologias. O setor de serviço (refrigeristas) terá mais dificuldades para a substituição em campo a partir de 2020, quando o volume de importação precisará ser 35% menor e haverá menos R22 disponível no mercado. Em geral, os demais países da América Latina enfrentam cenários e desafios muito semelhantes. Quais são as principais dificuldades nesse processo? O mais difícil é levar informação ao mercado e treinar os técnicos para trabalhar com novas tecnologias de fluidos refrigerantes sintéticos e naturais. Também será necessário investir para poder continuar operando em várias áreas do setor. O que podemos recomendar é que as empresas já comecem a se preparar para a mudança; quem esperar até 2020 vai gastar muito mais dinheiro. Como vê o recolhimento e a reciclagem de CFCs e HCFCs? Ainda estamos engatinhando nessa questão ambiental de destinação correta dos fluidos refrigerantes. Faltam incentivo, consciência ambiental, treinamento, informação. Hoje, o Brasil recolhe e regenera 10% do total em uso no mercado. Deveríamos estar regenerando pelo menos 50%. O que enxerga como tendências? A tendência é a existência de uma série de fluidos refrigerantes no mercado. Por exemplo, os usuários de R22 provavelmente terão uma cesta de produtos para substituí-lo, como R410A, R404A, R507, fluidos de retrofit, R290, R32, CO2 e, mais para a frente, a família dos HFOs (hidrofluorolefinas). O fato é que será preciso aprender a trabalhar com diferentes fluidos refrigerantes, com diferentes aspectos técnicos, conforme os tipos de equipamentos e aplicações. Que impactos essas mudanças acarretam? O primeiro impacto é o aumento de preços dos HCFCs. O maior risco é que a pressão por custos mais baixos prejudique a busca das melhores soluções, em termos de técnica e segurança.  Será necessário que todos os envolvidos nesse mercado se adaptem às mudanças. Os técnicos precisam passar por treinamento, enquanto as revendas devem conhecer os novos produtos e preparar seus vendedores para orientar os clientes. Já as indústrias, assim como os usuários comerciais e industriais, terão de avaliar o que muda em termos de tecnologia, pois há impacto em componentes eletrônicos, compressores, tipos de óleo etc. Quais são as oportunidades que se abrem? As oportunidades serão inúmeras, uma vez que teremos uma mudança muito forte. Quem se preparar a partir de hoje com certeza irá colher frutos. Existem oportunidades tanto para fabricantes, quanto para revendas e, principalmente, para os técnicos, que terão bastante serviço para a substituição do R22.

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