Mudanças nas famílias e cidades têm impacto na refrigeração

É preciso estar atento aos novos hábitos e às novas tendências, para aproveitar as oportunidades que se abrem. O uso da refrigeração tem tudo a ver com o modo de vida das pessoas. Quando as famílias e as cidades se transformam, pode ter certeza de que haverá mudanças também para quem atua nesse setor.  Nos últimos anos a configuração da família mudou consideravelmente no mundo todo. Isso ocorreu tanto por questões culturais e comportamentais, quanto por motivos econômicos e até mesmo de melhoria da saúde e qualidade de vida. Antigamente era muito comum ver jovens casando cedo e começando famílias grandes, com vários filhos. Hoje a realidade é diferente. Comum é ver as pessoas se casarem mais tarde e a família já não é mais tão grande: parte dos casais opta por apenas um, ou nenhum, filho. Usando dados da Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios (PNAD), um estudo recente da economista Camila Strobl Sakamoto mostrou que, entre 1981 e 2011, a porcentagem de pessoas morando sozinhas na área urbana triplicou, chegando hoje a 2% entre os homens e a 2,3% entre as mulheres.

Camila Sakamoto: “Porcentagem de pessoas morando sozinhas triplicou e número de casais sem filhos cresceu muito”.

Além disso, o número de casais sem filhos cresceu muito, ficando próximo a 10% do total. Segundo a economista, essas mudanças relacionadas ao tamanho das famílias contribuem para o aumento da renda, o que gera novos hábitos de consumo. No Brasil, segundo ela, a renda total das famílias cresceu 38% nas cidades e quase 100% nas áreas rurais, entre 1981 e 2011. O universo das mudanças não para por aí, e os impactos que causam no setor de refrigeração são muito variados, como você verá a seguir.

Vida agitada das grandes cidades e falta de tempo para o preparo das refeições fez crescer a demanda por alimentos prontos e semiprontos.

Deve ser lembrado que, nas últimas décadas, as melhorias nas condições de vida e na oferta de serviços de saúde levaram ao crescimento da expectativa de vida. Isso significa que existem atualmente muito mais idosos, boa parte deles independentes e vivendo em suas próprias casas. Estudos indicam que, em 2050, pela primeira vez na história haverá mais pessoas idosas do que jovens no mundo. Outras mudanças significativas incluem os casais do mesmo sexo, as novas famílias formadas por pessoas que já tinham se casado antes, as pessoas que optam por manter um pequeno imóvel na cidade para dormir durante a semana e outra casa mais espaçosa em uma região próxima. Ao mesmo tempo em que todas essas transformações ocorriam, as cidades também foram crescendo e evoluindo rapidamente, assim como o universo do trabalho, influenciando também nesse processo de mudanças. Deve ser destacado, também, que, no início do século 20, 90% da população mundial ainda vivia no campo. Em pouco mais de 100 anos, houve uma intensa migração para as cidades, que hoje já abrigam mais da metade dos 7 bilhões de habitantes da Terra. Segundo dados da ONU (Organização das Nações Unidas), esse processo de urbanização continuará. Em 2050, a previsão é que cerca de 70% das pessoas viverão em cidades. Além disso: um grande número de cidades cresceu a um ritmo espantoso. As estatísticas populacionais mais recentes indicam que, no Brasil, existem hoje 17 cidades com mais de um milhão de habitantes. [box side=”alignright” color=”box-vermelho” pos=”vertical”]

BUSCA DE COMODIDADE E CONFORTO, NOVAS MANEIRAS DE ENCARAR AS REFEIÇÕES, VONTADE DE FICAR MAIS EM CASA, MENOS GENTE EM CADA RESIDÊNCIA SÃO ALGUMAS DAS CARACTERÍSTICAS DO MODO DE VIDA ATUAL.

[/box] Associada a essas novas configurações familiares e às mudanças urbanas, existe também uma tendência à diminuição das áreas das residências, que são mais compactas e exigem um aproveitamento melhor dos espaços. Isso vem acontecendo em todo o mundo, em ritmo mais rápido ou mais lento, refletindo uma nova forma de viver. Vida Agitada Hoje, de maneira geral, a vida é mais corrida, por causa do grande número de atividades que cada pessoa tem, do trânsito difícil nas maiores cidades e das exigências da vida moderna. Em muitos casos, a distância entre os locais de moradia e de trabalho impossibilitam o deslocamento no momento da refeição, o que torna mais comum o hábito de comer fora de casa. A professora Rosa Wanda Diez Garcia, do curso de Nutrição e Metabolismo da Faculdade de Medicina da Universidade de São Paulo em Ribeirão Preto (SP), aponta algumas características que marcam a forma de comer atual:

  • A escassez de tempo para o preparo e consumo de alimentos;
  • O uso de novas técnicas de conservação e de preparo;
  • A ampliação da oferta de itens alimentares;
  • O deslocamento das refeições de casa para estabelecimentos que comercializam alimentos (restaurantes, lanchonetes, vendedores ambulantes, padarias, entre outros);
  • A crescente oferta de preparações e utensílios transportáveis e mais práticos.

Outra importante tendência detectada em estudos de diferentes pesquisadores e consultorias é o encasulamento, ou seja, a vontade das pessoas de ficar cada vez mais em casa, fora dos horários de trabalho. Com isso, também desejam ter, em seu ambiente doméstico, produtos e serviços a que teriam acesso na rua. Muitos apartamentos vendidos hoje nas grandes cidades exploram muito bem essa nova demanda, oferecendo, por exemplo, cozinhas mais amplas ou as chamadas “varandas gourmet”. Todas essas tendências contribuem para uma busca crescente por praticidade, comodidade e conforto. É justamente aí que a refrigeração tem importante papel. Se as pessoas têm menos tempo para comprar alimentos e para prepará-los, onde estão as soluções? Se querem receber os amigos em casa ou em um sítio, com todas as comodidades e os prazeres ligados à comida e à bebida, o que podem fazer? Se querem seguir um programa de alimentação especial, com refeições balanceadas, que alternativas encontram? Muitas respostas a essas e a muitas outras demandas da vida moderna já estão no mercado:

  • O crescimento da oferta de comida pronta e semipronta;
  • A criação de embalagens práticas, seguras e de fácil manuseio;
  • O aumento das opções de delivery (entrega em domicílio);
  • A diversificação do varejo que oferece alimentos (por exemplo, áreas de alimentação em padarias ou veículos que vendem comida nas ruas).

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A MAIOR PRESENÇA DE EQUIPAMENTOS DE REFRIGERAÇÃO NAS RESIDÊNCIAS ABRE OPORTUNIDADES PARA REFRIGERISTAS E TAMBÉM PARA REVENDEDORES.

[/box] Pode-se perceber facilmente que a refrigeração tem participação direta e fundamental em muitos desses aspectos. É por isso que, atualmente, é crescente o número de residências que contam com adegas refrigeradas, refrigeradores de bebidas, máquinas de fazer gelo, chopeiras de pequeno porte, assim como refrigeradores que incorporam novos recursos e funções. Da mesma forma, é possível perceber a maior presença de equipamentos de refrigeração nos estabelecimentos comerciais de todos os tipos. Hoje, é comum ver pequenos bares, padarias ou restaurantes com vários freezers e refrigeradores de bebidas. Mas é possível encontrar equipamentos como esses em outros locais de comércio ou de serviços, que antes não tinham nenhuma ligação com a alimentação. É o caso, por exemplo, de farmácias, livrarias, clínicas médicas, lojas de artigos esportivos e diversas outras.

Cheryl Camargo: “Antes só havia a geladeira no imóvel, mas hoje isso mudou”.

Tudo isso gera demanda para fabricantes de equipamentos e de seus componentes, revendedores de peças de reposição e profissionais de manutenção. “A maior presença de equipamentos de refrigeração nas residências abre oportunidades para refrigeristas e também para revendedores. Antigamente, havia somente uma geladeira por imóvel. Para quem estocava comida, havia também um freezer. Isso mudou: hoje há menos freezers, mas muitas casas contam com mais de uma geladeira e ainda com adega, bebedouro, refrigerador para cerveja e às vezes até uma chopeira”, diz Cheryl Tatiana Camargo, gerente de Vendas da Embraco. “Com isso, aumenta o número de equipamentos para os quais o serviço do técnico é necessário. Ao mesmo tempo em que é uma oportunidade, representa também um desafio, pois o refrigerista precisa conhecer mais tipos de sistemas e aplicações diferentes”, alerta. Cheryl lembra que não são só os compressores que são diferentes conforme o sistema de refrigeração, mas também a presença de componentes eletrônicos, o fluido refrigerante e outras características, que precisam ser bem conhecidas. “Para a revenda, essa situação também gera mudanças. Ao longo do tempo, os compressores pequenos – como os de 1/8 HP para uso em refrigeradores de 1 porta – passaram a ter menos demanda na reposição, pois as pessoas preferiam trocar o equipamento por um novo, em vez de efetuar o reparo. Mas esse mesmo compressor de 1/8 HP hoje está presente em equipamentos mais sofisticados e de maior valor, como a cervejeira lançada recentemente pela Consul. Isso pode fazer com que o consumidor opte pelo reparo, aumentando a demanda por compressores desse tipo”, explica. Toda mudança gera novos desafios e oportunidades. Não é diferente com essas transformações que estão ocorrendo nas cidades, nas famílias e nos hábitos das pessoas. E você, está atento a isso? Já pensou em como pode se preparar e se beneficiar, abrindo novos mercados e conquistando clientes? Escreva para o Clube, contando! [exclusivo]

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